Estudo compara as benefícios e redução de riscos de mortalidade associados à atividade física entre mulheres e homens
Atividade Física e as Diretrizes Internacionais
Homens e mulheres que se exercitam regularmente têm menos probabilidade de morrer por eventos cardiovasculares e outras doenças, em comparação com aqueles que são sedentários. Embora a maior quantidade de atividade física (AF) esteja associada à redução da mortalidade por doença cardiovascular e outras causas, menos de um quarto de todos os americanos cumpre o mínimo das diretrizes para AF conforme recomendado pelo Centers for Disease Control and Prevention e o American Heart Association/American College of Cardiology. As diretrizes dessas entidades recomendam um mínimo 150 minutos por semana de AF moderada ou 75 minutos por semana de AF vigorosa. As recomendações incluem também pelo menos 2 dias de atividades de fortalecimento muscular por semana. Embora essas recomendações sejam as mesmas para indivíduos do sexo masculino e feminino, sabe-se que, nos EUA, pessoas do sexo feminino praticam menos AF que pessoas do sexo masculino.
No Brasil, adultos maiores de 18 anos com prática insuficiente de atividade física, representa 55,7% das mulheres; os homens são 39,3% (Vigitel Brasil, 2006-2021, Ministerio da Saude, 2022)
Analisando as diferenças entre os sexos quanto à AF e redução da mortalidade
Há muito tempo são bem conhecidas as diferenças entre os sexos quanto às respostas fisiológicas à AF, os limiares de tolerância e na capacidade física geral. Diante de tais diferenças, é possível que o grau de benefício para a saúde, derivado da AF, poderia diferir entre os sexos com base na frequência, duração, intensidade e tipo de exercício? Quais os benefícios da Atividade Física para mulheres e homens aunto a redução da mortalidade?
O artigo Sex Differences in Association of Physical Activity With All-Cause and Cardiovascular Mortality (Journal of the American College of Cardiology, 27 Feb. 2024) teve como objetivo avaliar se os benefícios à saúde derivados da atividade física podem diferir de acordo com o sexo. O estudo prospectivo, com 412.413 adultos norte-americanos (55% mulheres, idade 44 ± 17 anos) analisou dados sobre atividade física no lazer, específicas por sexo, medidas de atividade física (frequência, duração, intensidade, tipo) associados com mortalidade por todas as causas e eventos cardiovasculares de 1997 a 2019.
As Principais conclusões do estudo:
As mulheres que se exercitavam regularmente tinham 24% menos probabilidade de morrer de qualquer causa durante o período do estudo e tinham um risco 36% menor de ataque cardíaco fatal, derrame ou outro evento cardiovascular em comparação com as mulheres que não se exercitavam regularmente.
Entre os homens que se exercitavam regularmente, a probabilidade de morrer pelas mesmas causas que as mulheres era 15% menor; e um risco 14% menor de evento cardiovascular fatal em comparação com homens sedentários.
Os homens alcançaram seu benefício máximo de sobrevida com 300 minutos por semana de atividade física moderada a vigorosa, enquanto as mulheres obtiveram benefício semelhante com 140 minutos por semana com AF de mesma intensidade.
Diferenças entre os sexos e a atividade de fortalecimento muscular
As diferenças entre os sexos quando consideradas as atividades de fortalecimento muscular e as associações com mortalidade mostrou que homens eram mais propensos a se envolver em atividades físicas de fortalecimento muscular e com maior frequência, em comparação com as mulheres. No total, 19,9% das mulheres e 27,8% dos homens relataram praticar alguma atividade de fortalecimento muscular.
Nas atividades de treino muscular, para os homens, o risco de mortalidade foi reduzido em 11%, em comparação com a inativos; para as mulheres, a redução do risco de mortalidade foi de 19%, comparando com mulheres inativas.
As bases fisiológicas para as diferenças entre os sexos quanto ao risco de mortalidade, segundo os autores, são:
A. A menor massa magra corporal da mulher (homens têm 38% mais massa magra) pode ser mais eficientemente desenvolvida com atividades de força muscular;
B. Esse fenômeno poderia estar na base das diferenças acentuadas entre os sexos, quanto à redução do risco de mortalidade (maior para mulheres), observada a partir de atividade de fortalecimento muscular. O aumento relativo da força é um preditor mais forte de mortalidade do que a massa muscular.
C. Mulheres apresentam maior condutância vascular e fluxo sanguíneo durante o exercício, apresentando maior densidade de capilares por unidade de músculo esquelético, quando em comparação com indivíduos do sexo masculino.
D. O tipo de fibra muscular e características do músculo, sua função metabólica, a contratilidade e a dinâmica das fibras, podem contribuir para respostas diferentes entre os sexos, com a mesma dose de AF. Por exemplo, indivíduos do sexo masculino apresentam maior proporção de músculo com predominância de fibras glicolíticas, do tipo II, enquanto o sexo feminino apresenta maior proporção de fibras oxidativas tipo I. Essas diferenças poderiam contribuir para a maior sensibilidade feminina às adaptações que favoreçam o menor risco de mortalidade, comparada com os homens, na prática de AF, como observado no estudo.
Segundo os autores do estudo, tais achados poderiam ser usados para motivar ainda mais o engajamento de mulheres em AF, atualmente menos participativas quando comparadas com os homens. Os dados, também podem contribuir para despertar o interesse pela AF entre aquelas pessoas que alegam a falta de tempo como uma barreira para praticar exercício.
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